Chegar aos 50, 60 e 70 com o corpo musculoso e muita disposição é possível. Não só com alimentação saudável e prática de atividade física, mas também com a reposição hormonal.
Por que fazer a reposição hormonal?
A partir dos 40, o declínio da testosterona no organismo do homem gira em torno de 1% ao ano. O hormônio testosterona está relacionado ao desejo sᕮxual masculino, à potência sᕮxual e ao aumento da massa muscular. Com a diminuição de sua produção ao longo dos anos, o organismo vai perdendo essas características naturais de quando ele ainda era jovem.
Para muitos, a solução é repor os hormônios que estão faltando e, assim, recuperar a vitalidade perdida.
Os atores Raul Gazolla, 67 anos, Carlos Casagrande, 54, Kadu Moliterno, 70, e Victor Pecoraro, 45, fazem reposição hormonal e contam que se sentem cheios de disposição e vitalidade.
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“Faço reposição hormonal, não tem como não fazer”, diz Raul Gazolla. Victor Pecoraro complementa: “Acho que todo o tipo de procedimento em que eu possa retardar o envelhecimento é válido. O importante é estarmos felizes!”
Explicação médica
Afinal, a reposição hormonal é liberada para todos os homens a partir dos 40? Existe alguém efeito colateral no tratamento? Quem pode e deve fazer?
A médica Karen De Marca, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia tira todas as dúvidas do tratamento, mas faz uma ressalva:
“A nossa visão é que as pessoas estão passando um pouco do ponto. Elas querem um resultado muito imediato, e não adquirido através de atividade física, uma boa alimentação e uma suplementação proteica sem precisar fazer uso do hormônio. A Sociedade só preconiza o uso da testosterona mediante o diagnóstico da deficiência de testosterona”, avisa.
Quando o homem tem que fazer a reposição hormonal?
“O diagnóstico clínico da diminuição dos níveis de testosterona pode ser pensado quando vemos diminuição do vigor físico, diminuição da libido, aumento da fadiga, diminuição da força muscular e muitas vezes pode surgir também o sinal de ginecomastia (o desenvolvimento anormal das mamas em homens). Esse diagnóstico é feito mediante uma dosagem laboratorial que deve ser colhida pela manhã e deve ser repetida caso venha alterada. A partir do momento que se tem o diagnóstico da baixa do hormônio, o tratamento sugerido é a reposição da testosterona.”
Como é feita a reposição hormonal no homem?
“As formulações disponíveis no Brasil são as injetáveis via intramuscular quinzenalmente ou a cada 21 dias, ou 28 dias. Temos também a apresentação de longa duração em que o paciente faz a cada três meses. Existe a apresentação da testosterona em gel, comercializada nas farmácias de varejo. Essas são as formas mais seguras de reposição hormonal.”
Existe algum efeito colateral no tratamento?
“O efeito colateral do uso da testosterona vai muito da função em como você usa e a dose que você faz. Podem ser notados às vezes algum tipo de mudança de humor, uma maior agressividade, mas, geralmente, se a terapia for adequada, não há esse tipo de efeito. Pode ser observado o surgimento de acne, queda de cabelo também. Uso da testosterona principalmente em doses mais altas e mais frequentes pode provocar um aumento do número das hemácias. Se ela ultrapassar um determinado valor, a terapia hormonal deve ser descontinuada temporariamente.”
Homens que tiveram ou têm histórico de câncer na família podem fazer a reposição hormonal?
“Caso o paciente tenha câncer de próstata, ou lesão pré-maligna, o uso de testosterona pode estimular o crescimento desse tumor. A associação de que a terapia hormonal com a testosterona provoque o câncer de próstata não é conhecido. Não temos estudos que comprovem isso. Porém, se o paciente tiver realmente a doença, uma lesão maligna, o uso de testosterona pode estimular o crescimento desse tumor e não deve ser prescrito nessas situações. Não existe contraindicação para a terapia hormonal masculina com a testosterona por conta de histórico familiar. A gente só contraindica para aqueles que tem a doença.”
Como a Sociedade vê essa corrida pela reposição hormonal?
“A Sociedade de Endocrinologia percebe que existe um abuso na prescrição da testosterona. Isso já há décadas. A gente sabe que a testosterona é o hormônio do vigor físico, da força, é aquele que estimula o desenvolvimento do músculo. É um hormônio anabólico que estimula a produção das fibras musculares e a hipertrofia muscular.
Já é de muito tempo que as pessoas desejam usar mais testosterona, no caso de um anabolizante, e naqueles que às vezes acham que possam estar com uma produção deficiente acabam querendo usar no intuito de ganhar massa muscular. Esse é o principal desejo. A Sociedade vê que existe um exagero, que realmente existe um supra diagnostico de que você precisa usar testosterona quando os homens não têm deficiência do hormônio. Normalmente sugere-se o uso do hormônio naqueles maiores de 40 anos, quando a pessoa tiver níveis próximos de um limite inferior com quadro clínico muito compatível. A nossa visão é que as pessoas estão passando um pouco do ponto. Elas querem um resultado muito imediato, e não adquirido por meio de atividade física, uma boa alimentação e uma suplementação proteica sem precisar usar o hormônio. A Sociedade só preconiza o uso da testosterona mediante o diagnóstico da deficiência de testosterona.”
Alguns homens na faixa dos 50 repõem o GH e não a testosterona. Qual a diferença?
“O hormônio GH, que é o hormônio do crescimento produzido na fase intraútero quando o bebê ainda está em desenvolvimento. Na fase do pico da puberdade acontece um estirão do crescimento, quando ele é muito secretado. Depois, na fase adulta, ele é secretado diariamente em picos menores. Obviamente que o hormônio do GH tem ação sobre a fibra muscular, sobre a formação do músculo, e é por isso que muitos acabam utilizando o GH para aumentar a massa muscular.”
“Possuímos mecanismos adaptativos para que a gente consiga envelhecer com saúde sem o uso indiscriminado do GH. Através da atividade física é possível estimular a secreção desses hormônios, mesmo numa fase mais idosa, sem precisar repor o GH. Existem situações que você tem uma perda patológica da produção do GH. Isso pode acontecer após uma cirurgia de hipófise, por exemplo. Nesse contexto é indicada a reposição com GH em adultos. Se não for por esse motivo, não existe a indicação da prescrição do GH para ganho de massa magra.”