Pimenta e seus benefícios

Pimenta biquinho, malagueta, bode, cumari, dedo-de-moça, pimenta-do-reino e tantas outras são amplamente utilizadas na culinária mundial e fazem parte do cardápio de quem é fã de comida picante. A enorme variedade de tipos, cores, tamanho, formatos e níveis de ardência favorece diferentes possibilidades de composições de pratos, sejam salgados ou doces. Elas temperam e dão sabor aos alimentos, são ricas em propriedades nutricionais benéficas à saúde e, ainda, liberam endorfina – o hormônio do prazer.

Estudos apontam que consumir a iguaria ajuda a acelerar a atividade metabólica, estimula a sensação de saciedade, auxilia no combate à obesidade e ajuda a proteger o coração, já que possui propriedades vasodilatadoras. Além disso, promove a produção de substâncias digestivas e inibe o crescimento de células cancerígenas. O segredo medicinal está na capsaicina – uma substância contida nas sementes, responsável pela intensidade do ardor.

“A capsaicina é a substância que confere o paladar específico da pimenta, e quanto mais picante, maior é o teor de capsaicinoides”, explica o nutricionista Ronan Nakau. “Por ser um poderoso antioxidante, este fitoquímico contribui para um envelhecimento mais saudável, já que possui ação anti-inflamatória. Também ajuda a prevenir alguns tipos de câncer e melhora a digestão e a qualidade do sono, entre outras vantagens”, afirma.

Sem exageros

Embora não haja indicação sobre a quantidade de consumo diário, o nutricionista Ronan Nakau orienta a não exagerar, principalmente as mais ardidas. “Em excesso pode ser prejudicial à saúde, gerando inflamações, especialmente as mais picantes.

Os malefícios incluem o aumento da temperatura corporal, dor de cabeça e agressão ao sistema digestivo, agravando o quadro de quem já possui problemas como gastrite, úlcera, hemorroidas e fissuras anais. Isso acontece porque a capsaicina pode agredir as mucosas intestinais, agravando esses problemas e causando desconfortos, como a sensação de ardência e queimação, entre outros”, explica.

PIMENTA-DO-REINO NÃO FAZ MAL

Heap of peppercorn on a white background

Muitas pessoas evitam o consumo de pimenta-do-reino porque erroneamente acreditam que o pó fica grudado na parede do intestino e não é digerido corretamente pelo organismo. “Mas isso não é verdade”, garante o nutricionista Ronan Nakau.

“A pimenta-do-reino não faz mal à saúde, mas algumas pessoas têm mais sensibilidade. Ao contrário do que muitos pensam, ela não gruda no intestino e não prejudica os rins”, diz. “O ideal é comprar em grãos e moer apenas na hora do consumo, para aproveitar melhor os benefícios do grão. Assim, o pó não oxida e fica livre de resíduos que não são comestíveis, provenientes da indústria”, diz. (LV)

PROTEGE O CORAÇÃO

Red yellow and green pepper arranged in circle on red background. Colorful fresh vegetables. High angle view. Creative layout. Piquant seasoned hot chili. Vegetarian diet concept. Big variety

O cardiologista Elzo Mattar afirma que há evidências de que o consumo de pimenta reduza os riscos de doenças cardiovasculares – embora ainda não existam grandes estudos que comprovem os benefícios à saúde do coração. O “segredo” dessa proteção está na capsaicina, a substância responsável pelo ardor.

“Quanto mais ardente a pimenta, maior é concentração dessa substância. A malagueta, a dedo-de-moça, a pimenta-de-cheiro e até os pimentões possuem a capsaicina – substância que tem efeito antioxidante e anti-inflamatório e gera essa proteção à parede dos vasos sanguíneos, diminuindo a inflamação das mesmas e evitando a formação de placas de gordura. Isso acontece devido a uma regulação nos níveis de colesterol. Acredita-se também que tenha certo impacto na redução da pressão arterial”, explica Elzo Mattar.

De acordo com o médico, um estudo italiano apontou que a população que tinha consumido pimenta regularmente, quatro vezes por semana, teve uma redução de mortalidade cerca de 30% em relação àqueles que não consumiam. O trabalho contou com a participação de um número considerável de pessoas monitoradas com relação à alimentação. Foi observada uma redução de patologias como infartos e AVCs nos pacientes que consumiam pimentas regularmente, sendo que o benefício já pode ser alcançado a partir de duas vezes na semana. (LV)

APARELHO DIGESTIVO

O coloproctologista João Gomes Netinho explica que a sensibilidade individual das pessoas com relação ao consumo de pimentas varia muito, mas na maioria das vezes a pessoa sente apenas uma ardência na boca e na garganta quando come a iguaria.

No entanto, ele alerta que no aparelho digestivo, as pimentas e condimentos de modo geral são considerados irritantes da mucosa intestinal e anal. “As pimentas raramente prejudicam a mucosa do aparelho digestivo alto, mas no canal anal elas são irritantes, portanto, se a pessoa já tem algum problema nessa região, tipo fissura e hemorroidas, deve evitar o consumo”, afirma.

O médico ressalta que é importante deixar claro que a pimenta não causa hemorroidas ou fissuras, mas aumenta os sintomas. “Têm pessoas que comem um pouquinho de pimenta e já sentem uma queimação ou ardência na região anal, parece até que a pimenta ajuda um pouquinho a inflamar a hemorroida, mas ela não é a causa, apenas promove uma intensidade maior dos sintomas se a pessoa já tem algum problema anorretal. A recomendação para quem tem qualquer tipo de sintoma, como prurido, ardência, queimação, dor, inflamação e sangramento, é evitar o uso de pimentas e condimentos de modo geral”. (LV)

ACNE E ROSÁCEA

Peppercorns with chili powder in scoop and red peppers in a plate on white background, top view.

Apesar dos inúmeros benefícios, a ingestão de pimenta pode causar inflamação no sistema digestivo e isso pode afetar a pele, agravando o quadro de quem já sofre, por exemplo, com acne e rosácea.

A dermatologista Silvia Strazzi explica que, embora sejam condições diferentes, ambas são doenças inflamatórias da face e estão relacionadas às alterações gastrointestinais. Portanto, alguns alimentos podem favorecer ou piorar o quadro, principalmente aqueles no qual a pessoa já possui uma sensibilidade.

“Na acne existe o predomínio de produção de sebo e oleosidade, é mais comum na adolescência e adulto jovem, enquanto a rosácea já ocorre mais frequentemente após os 30 anos, tem predisposição genética associada e condições metabólicas que favorecem o quadro. Nesse caso, condimentos apimentados podem causar vasodilatação, favorecendo o rubor, ou seja, aquele aspecto mais avermelhado e inflamado da pele. Nestes casos, as pimentas devem ser evitadas”, afirma. (LV)

Deixe um comentário

👇🏾 DEIXE TODOS VEREM SUA OPINIÃO 👇🏾