A subvariante da covid19 já volta assustar o Brasil

A redução do número de casos de covid-19 nos últimos meses deixou a sensação de que a pandemia é coisa do passado. Mas o surgimento de uma nova subvariante, a baixa adesão aos reforços vacinais e as multidões de campanha eleitoral aumentaram a taxa de transmissão (Rt), aumentaram as hospitalizações e o risco de outra onda nas vésperas dos feriados. Ontem, a morte de uma mulher na cidade de São Paulo, contaminada com a subvariante BQ.1, acionou de vez o alerta.

As preocupações surgiram primeiro nos hospitais, onde os médicos começaram a atender cada vez mais pacientes com covid. A impressão dos médicos é confirmada pelo aumento do vírus Rt, que retornou depois de muito tempo e sinalizou alta transmissão, segundo o Info Tracker, plataforma das Universidades Estaduais de São Paulo USP e Unesp, que monitora a pandemia. Estável até 3 de outubro, o Rt começou a subir nos dias seguintes, e um mês depois ultrapassou o número 1, quando cada paciente começa a contaminar mais de uma pessoa. Para limitar a transmissão do coronavírus, a taxa de Rt deve permanecer abaixo desse nível.

Testes confirmam alta e internações aumentam

Um reflexo desse aumento já foi observado nos laboratórios de diagnóstico: a taxa de positividade aumentou 17% entre os dias 22 e 28 de outubro no Brasil, segundo a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica). Testes positivos em farmácias aumentaram 15% entre os dias 17 e 23 de outubro, os últimos dados coletados pela Abrafarma (Associação Brasileira das Redes de Farmácias).

Como resultado, o número de pacientes internados por dia também aumentou. Como o Ministério da Saúde não consolidou os dados nacionais, o Info Tracker coletou dados no estado de São Paulo, onde as novas internações saltaram de 80 em 17 de outubro para 168 em 6 de novembro. “Com o aumento da velocidade de transmissão, espera-se um aumento acelerado de casos nas próximas duas semanas”, disse ao UOL o coordenador da plataforma Wallace Casaca. “As mortes ainda não foram afetadas, mas serão nas próximas duas semanas.

Por que a covid voltou a preocupar?

A imunidade vacinada diminuiu. Rosana Richtmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, explica que o Brasil prestou atenção à vacinação pela última vez em junho, durante o último pico da pandemia. “Foi a última vez que a população aderiu à vacinação em massa. São cinco meses, que é o tempo médio de proteção da vacina”, diz.

Casaca da Info Tracker concorda. Ele lembra que o toque começou em maio. “Quem se vacinou então já está vulnerável de novo.”

Imunização de baixo reforço. A situação é ainda mais preocupante para quem não retornou para completar o ciclo vacinal ou não recebeu a primeira e a segunda dose de reforço. O vacinômetro do governo federal mostra que apenas 16% da população tomou a quarta dose – a segunda dos reforços.

E fundamental atualizar a carteira de vacinação e receber a dose de reforço, especialmente os mais vulneráveis: idosos e pessoas com comorbidades [doenças pré-existentes].

Após ser identificado no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde do Estado de São Paulo confirmou ontem a primeira morte de um paciente após contaminação com a subvariante BQ.1. Uma mulher de 72 anos com comorbidades morreu no dia 17 de outubro após uma semana em um hospital de São Paulo.

As subvariantes BQ.1 e BQ.1.1, derivadas da variante Omicron BA.5, já representavam 27% dos casos nos Estados Unidos em 29 de outubro. Na Alemanha, França, Itália, Coreia do Sul e Nova Zelândia, aumentaram a média de novos casos acima do alto nível de 300 por 100.000 habitantes, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

A principal característica do BQ.1 é uma fuga muito maior da proteção vacinal devido a mutações na proteína spike, que está localizada na superfície do vírus e é responsável por sua associação com as células do corpo.

Segundo Richtmann, o vírus evolui porque “quer vencer na replicação e não necessariamente causar doenças graves”. Embora seja mais fácil escapar dos anticorpos produzidos pela vacina, diz ele, “quanto maior a taxa de vacinação, mais difícil será para o vírus causar morte e casos graves”.

Aglomeração nas eleições

Se não bastassem a diminuição da imunidade do Brasil e a chegada de uma nova versão do vírus, o Brasil abandonou grandes medidas de saúde, como o uso de máscaras, em meio a um ano eleitoral, quando os candidatos reúnem eleitores em marchas e comícios. .

“Mesmo antes da eleição, duas semanas antes da votação, havia muita gente, o que também acelerou o índice de contaminação”, diz Casaca.

“Fui contaminada em uma passeata.” 

Isso aconteceu com a chef Patrícia D’Ávilová (46), que foi infectada pela primeira vez em 19 de outubro. “Naquele dia ele estava passeando com Lula em Porto Alegre e eu disse ‘vou’. Foi aí que definitivamente me infectei”, conta. “Por volta do dia 23 de sábado acordei com uma forte dor de cabeça e dor nos olhos, não era uma gripezinha. Quando acordei me senti pregado na cama: uma semana de cansaço e dores no corpo.”

Quando foi diagnosticada, ficou isolada em casa e tomando paracetamol para aliviar os sintomas. “Já se passaram duas semanas e minha garganta ainda dói”, diz ela. Meu conselho é evitar aglomeração, principalmente quem tem comorbidades. O animal de estimação ainda está por perto; não estamos isentos disso. Se você tomou a vacina como eu, os sintomas desaparecerão, mas se você não foi vacinado, evite a festa dos motins

Vai ter nova onda?

Casaca prefere chamar o aumento de casos de rebote porque a gravidade dos casos é menor do que no passado, com menos hospitalizações e mortes. Richtmann, por outro lado, diz que “eu chamaria de nova onda, ainda que onda”, devido ao aumento de casos, a chegada do final do ano e a flexibilização das medidas sanitárias.

“Não quero assustar ninguém, porque a gravidade dos casos é realmente muito menor, mas temos uma tendência”, diz Richtmann. “É inegável que o número de casos está claramente aumentando. Ontem [11/07] à tarde só vi covid no consultório.”

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