Testemunha relata rituais de bruxarias feitos por Flordelis

Depoimento foi dado por filho afetivo de Flordelis nesta terça-feira (8) durante júri popular da ex-deputada, de sua filha biológica Simone dos Santos, da neta Rayane dos Santos e dos os filhos afetivos André Luiz e Marzy Teixeira. Os cinco são acusados de matar o pastor Anderson.

Durante depoimento no segundo dia de julgamento da deputada Flordelis, nesta terça-feira (8), em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o filho afetivo da ex-deputada Wagner Andrade Pimenta contou alguns rituais que eram promovidos pela pastora.  A ex-deputada é acusada da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, no dia 16 de junho de 2019. Também estão sendo julgados por envolvimento no assassinato a filha biológica de Flordelis Simone dos Santos, a neta Rayane dos Santos e os filhos adotivos André Luiz e Marzy Teixeira. Ao ser perguntado se participou de algum ritual envolvendo sᕮxo – numa referência dada por outra testemunha -, ele negou. Mas disse que, aos 13 anos, quando chegou à família de Flordelis, participou de uma espécie de ritual de batismo.

“Um ritual com sᕮxo, não, mas teve um em que eu estava deitada no chão, fechei os olhos, e então ouvi minha mãe dizer: ‘A partir de hoje você não é mais Wagner. Wagner morreu e agora você é Misael. , meu filho espiritual que vem do céu para me ajudar”, disse ele. 

Essa seria a justificativa para alguns dos filhos da ex-deputada terem dois nomes, como no caso da testemunha anterior a Wagner, que se chamava Aleksander, mas foi rebatizado de Luan.

Na sequência, Wagner contou ainda sobre outros rituais que presenciou na casa: “Em outros momentos, tinha trabalhos com mel, vela, boneco de cera. Minha mãe usando a Bíblia, mas falava que isso era para ser um diferencial, e começou a fazer esses rituais, esses trabalhos”, contou para a advogada Djanira Rocha, que representa Flordelis. “Por exemplo, se alguém gostava de uma pessoa, ela escrevia os nomes, colocava um par de aliança e fazia o trabalho com mel. Cortava o melão, colocava no meio, deixava por sete dias e depois levava para mata”, detalhou a testemunha.

Tal como o irmão afetivo Alexsander Felipe Matos Mendes, que falou antes dele, Wagner também prestou depoimento por videoconferência por não querer falar olhando para os réus.

Flordelis passal mal

Pouco depois do início do depoimento de Wagner, Flordelis saiu do banco dos réus alegando que precisava de atendimento médico. Ela sentiu-se mal, vomitou e depois de recuperada, voltou ao plenário. Já no final do depoimento de Aleksander, ela permanecia bastante tempo de cabeça baixa.

A ex-deputada ficou fora do tribunal do júri por cerca de 15 minutos, por conta de uma indisposição, mas conseguiu voltar a tempo de acompanhar o final do depoimento de Wagner.

‘Era menor de idade’

Wagner começou remontando quando chegou à família de Flordelis, quando tinha de 12 para 13 anos, mesma época em que Anderson, na época adolescente, foi morar na casa da ex-deputada como filho afetivo dela.

“Ele devia ser um ano ou um ano e meio mais velho do que eu. Devia ter de 13 para 14 anos”, contou a testemunha em resposta ao Ministério Público.

Depois, falou que Anderson do Carmo sempre foi muito responsável e tinha uma liderança muito grande sobre o grupo.

Wagner contou também que, antes de se relacionar com Flordelis, Anderson do Carmo namorou a filha biológica da ex-parlamentar, Simone dos Santos.

“Anderson tinha de 13 para 14 anos quando ele entrou para a família, sendo da primeira geração. Ele tinha uma autoridade, uma liderança natural. Ele chegou como filho da Flordelis e era responsável. Depois que começaram a namorar”, disse.

Traficante de mentirinha

Ao ser questionado pelo Ministério Público se era menor de idade, Wagner disse que sim. “Era menor de idade, devia ter 16, 17 anos”, disse acrescentando ainda que os dois só se casaram em 1998, quando Anderson já tinha 21 anos. Wagner também foi perguntado pelos promotores se tinha envolvimento com o tráfico, o que foi negado. “Então Flordelis criou essa história de traficante para enganar os fiéis?”, quis saber o promotor.

“Sim, criou essa história sim”, respondeu a testemunha.

‘Separação escandaliza obra de Deus’

A testemunha falou ainda que a causa do mal-estar entre Flordelis e o pastor Anderson do Carmo era por causa da partilha dos ganhos financeiros da família. Segundo Wagner Pimenta, Anderson do Carmo ficava com cerca de 60% dos ganhos. O restante era destinado para Flordelis. “Ele ficava com mais porque pagava as contas e mantinha a casa. Minha mãe ficava com o resto, para uso pessoal”, disse emendando. 

“Ela falava que não estava mais aguentando, que ele estava atrapalhando a obra de Deus, que tinha coisa melhor para a família”, disse reiterando que Flordelis se negava a se separar.

“Falei para minha mãe separar ou ir para a mídia denunciar, mas ela dizia que não podia fazer isso porque iria escandalizar a obra de Deus”, disse.

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