Suculentas pilosas: saiba como cuidar das plantas peludinhas

Já faz alguns anos que as suculentas caíram no gosto de quem ama cultivar plantas. Mas, se antes as mais desejadas eram as variedades com folhas lisinhas e brilhantes, agora a sensação do momento são as suculentas pilosas. “Elas possuem uma cobertura de pelos na superfície de suas folhas, dando um aspecto aveludado ou lanoso”, explica o engenheiro agrônomo Juscelino Nobuo Shiraki, professor da Escola Municipal de Jardinagem, em São Paulo (SP).

Apesar do apelo estético que conquista as pessoas, estes “pelinhos” das suculentas têm bons motivos para estarem ali. “A cobertura de pelos tem como função isolar a planta do ambiente quente e seco e, assim, reduzir ao máximo a perda de água por evapotranspiração”, ensina Shiraki. “Os pelos, por serem brancos, favorecem a reflexão da luz do sol que incide de forma excessiva na planta. Assim, ela é protegida da insolação intensa a que é submetida no seu ambiente de origem”.

Planta-veludo-branco (Tradescantia sillamontana)

Planta-veludo-branco (Tradescantia sillamontana). Nativa das regiões montanhosas do norte do México. Apresenta toda a superfície recoberta por pelos brancos. A espécie precisa de muita luminosidade e ambiente seco. Em locais com pouca luminosidade a planta fica comprida (estiolada) e a densidade de pelos na superfície das folhas é reduzida. — Foto: Getty Images

O professor revela ainda uma curiosidade sobre o assunto: “É possível saber através do nome científico de uma espécie de suculenta possui pilosidade. Se no nome da espécie você encontrar as palavras em latim: lanosa, tomentosa, hirsuta, setosa ou velutina, pode ter a certeza de que na superfície do tecido da planta há a presença de pelos“, diz. A seguir, confira entrevista na íntegra sobre o assunto com o professor da Escola Municipal de Jardinagem.

Como cultivar suculentas pilosas?

Podem ser cultivadas em vaso plástico ou de barro. Os vasos devem possuir um furo largo no fundo para permitir rápido escoamento da água das regas. Por serem plantas de regiões áridas, o cultivo deve ser em local protegido da chuva. O cultivo em área externa somente é possível se a região tiver baixa precipitação anual.

Suculenta-patinha-de-urso (Cotyledon tomentosa). Planta de clima ameno e seco, nativa das regiões áridas da África do Sul e Madagascar. É recoberta por densa penugem (pelos curtos). As folhas são grossas e ovais, bastante felpudas, com bordas dentadas que lembram garras de urso. No cultivo, prefere locais de intensa luminosidade ao longo do dia, mas sem que haja luz solar direta nas horas mais quentes, pois as folhas podem sofrer queimaduras. O clima ideal é ameno, seco e bastante arejado. — Foto: Getty Images

Cuidados básicos

Para que a suculenta receba a luz de que necessita, coloque o vaso em janela localizada na face leste (luz da manhã) ou na face oeste (luz da tarde). Posicione o vaso mais próximo da janela caso a planta precise de mais luminosidade. Regue somente quando o substrato estiver totalmente seco. No verão, regue uma vez a cada semana e no inverno a cada duas ou três semanas. Evite manter o substrato sempre úmido, pois irá aumentar a chance de causar o apodrecimento das raízes, por fungos ou bactérias. Para fornecer o nutrientes de que necessita, utilize adubos que possam ser diluídos na água. No mercado há adubos específicos para cactos e suculentas. Na falta deles, use uma formulação equilibrada (20-20-20) na quantidade de 0,5 g por litro de água a cada dois meses. De modo geral, o substrato a ser colocado no vaso deve ser bem drenante, sem torrões, leve e solto, para permitir que o ar e a água circulem nas raízes. Também deve permitir que o excesso de água da rega seja facilmente drenado. Ao mesmo tempo, precisa reter o suficiente de água para que a planta absorva o que realmente precisa.

Rosa-de-pedra-sedosa (Echeveria setosa). Nativa de regiões semi desérticas do México. Cresce melhor em locais com intensa luminosidade (de 4 a 6 horas diárias de sol), em ambiente seco e arejado. As folhas são carnosas, peludas e organizam-se sob forma que se assemelha a uma flor de rosa pequena. Por isso, é conhecida como rosa-de-pedra sedosa. — Foto: Getty Images

Como deve ser o substrato para cultivo de suculentas pilosas em casa?

Para o cultivo dentro de casa há uma série de substratos possíveis. Opção A: uma parte de perlita, uma parte de vermiculita, uma parte de casca de pínus triturada, duas partes de turfa (matéria orgânica mineralizada), um pouco de cascalho número 1 e de composto orgânico seco. Opção B: uma parte de areia grossa, uma parte de turfa, uma parte de perlita, uma parte de vermiculita, uma parte de casca de pínus triturada e um pouco de composto orgânico seco. Opção C: duas partes de areia grossa, duas partes de turfa e uma parte de terra vegetal.

Orelha-de-gato ou planta-panda (Kalanchoe tomentosa). Espécie originária da África do Sul e Madagascar, onde vegeta em locais de intensa luminosidade e com constante escassez de água. Gosta de clima bastante seco, porém, com temperatura amena. No cultivo, deve ser colocada em locais que tenham boa luminosidade (4 horas de luz solar direta, no mínimo) e com bom arejamento. Devido às folhas serem felpudas, esbranquiçadas e com bordas das de coloração marrom, a espécie é conhecida popularmente como orelha-de-gato ou planta-panda. — Foto: Getty Images

As suculentas pilosas requerem algum cuidado específico, ou seja, diferente das demais suculentas?

Por terem pelos nas folhas (e em especial para as plantas que crescem na forma de roseta), é recomendável somente irrigar o substrato. Procure evitar ao máximo molhar a planta, uma vez que o acúmulo de água favorece o desenvolvimento de fungos e bactérias. Se precisar molhar a planta, faça no período da manhã, para que no final da tarde já esteja seca.

*Colaborou Mario do Nascimento Júnior, engenheiro agrônomo e professor da Escola Municipal de Jardinagem.

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