“Redes sociais ajudaram a matar a minha filha', diz pai de menina de 14 anos que tirou a própria vida

Um executivo do Pinterest afirmou nesta quinta durante inquérito sobre a morte da adolescente britânica Molly Russel, de 14 anos, em novembro de 2017, que a menina conseguiu visualizar conteúdos sobre automutilação e suicídio na rede social e abandonou que a plataforma não era segura para crianças naquela época. Molly, de Londres, Inglaterra, pesquisou com frequência esse tipo de conteúdo na rede social antes de tirar a própria vida. Nesta quinta, seu pai Ian, disse no inquérito: “Acredito que as redes sociais ajudaram a matar minha filha”.

O executivo do Pinterest Judson Hoffman respondeu perguntas de um advogado que representava a família da estudante. “O Pinterest aceita que a plataforma deve ser segura para crianças?”.  Ao que Hoffman respondeu: “Deve ser seguro para todos na plataforma”. O advogado continuou: “E aceita que em 2017, quando Molly estava nele, não era seguro?”. Ao que o executivo respondeu: “Correto, havia conteúdo que deveria ter sido removido e que não fora removido.” Desde então ele garante que novas medidas de segurança foram estabelecidas.

O advogado então exibiu dois registros de conteúdos acessados por Molly nas redes sociais. O primeiro mostrava uma grande variedade de conteúdo, enquanto o segundo, registrado nas semanas anteriores à morte da adolescente traziam imagens de depressão, automutilação e suicídio. O advogado mostrou então que o Pinterest enviou e-mails automaticamente gerados com títulos como ’10 posts de depressão que você pode gostar’ e ‘depressão, garota deprimida e mais tendências no Pinterest’ para a menina. Os e-mails também continham imagens que o advogado questionou se Hoffman acreditava que eram ‘seguras para crianças verem’. O executivo respondeu: “Então, quero ser cuidadoso aqui. Direi que este é o tipo de conteúdo que não gostaríamos que ninguém passasse muito tempo vendo”.

O advogado perguntou: “Você disse que se arrepende, sente muito pelo que aconteceu?”. E Hoffman confirmou: “Lamento que tenha acontecido”. O inquérito também mostrou que Molly usava uma conta anônima no Twitter para pedir ajuda a celebridades e influenciadores como JK Rowling, a atriz americana Lili Reinhart e a youtuber Salice Rose. Ela enviou mensagens como: “Não posso mais fazer isso”, “Não aguento mais. Eu preciso falar com alguém, simplesmente não aguento”, “Não posso mais fazer isso. Desisto” e “Eu não me encaixo neste mundo. Todo mundo vai ficar melhor sem mim”. Nenhuma dessas mensagens, enviadas meses antes da morte da adolescente, foi respondida.

Ao ser ouvido, o pai de Molly, Ian, afirmou: “A tecnologia digital pode ser brilhante, mas também destruidora. Acredito que as redes sociais ajudaram a matar minha filha. Acredito que muito desse conteúdo que ela acessou ainda está lá e acredito que falta transparência. As crianças não devem estar em plataformas que representam um risco para suas vidas.”. Ian disse ainda que, uma semana antes de morrer, Molly parecia estar “de volta ao seu estado normal”. O homem de 59 anos contou que a filha parecia ‘animada’ com as coisas no futuro e que ele chegou a pensar que as dificuldades que ela enfrentara tinham sido uma “fase passageira”.

Se desconfiar de que seu filho precisa de ajuda, não hesite em procurar apoio profissional. “É o acolhimento que salva, que faz com que a criança se desenvolva e não se sinta sozinha. E o contrário também é verdadeiro. Quanto mais só, mais perdida e desamparada a criança fica, mais ela vai entrar em um ‘nevoeiro’ perigoso. Mostre que você sabe ouvir qualquer coisa. Diga ao seu filho: ‘quero ouvir’, ‘eu quero te escutar'”, reitera Robert. Antes de tudo, saiba que não é preciso ter medo de falar sobre suicídio, desde que usando o bom-senso e respeitando a capacidade de compreensão de cada idade, é claro. “Não é preciso esperar que a dúvida ou a curiosidade parta da criança. Nós, enquanto pais, também podemos introduzir esse assunto. Não precisamos trazer detalhes e nem explicar o que a criança não está questionando. Uma boa estratégia é perguntar o que o seu filho sabe sobre isso e a partir daí definir como conduzir a conversa”, explica a psicóloga Raquel Antoniassi, membro da diretoria da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS). Tem alguma coisa diferente de que você ficou sabendo e quer conversar sobre? O que você ouviu sobre esse caso? O que acha que aconteceu? Como você está se sentindo em relação a isso? Você também já pensou em suicídio em algum momento? Segundo a psicóloga, todas essas perguntas podem ajudar a começar e a direcionar esse papo.

Se você estiver passando por um momento difícil e precisar de ajuda imediata, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV). Ele é um serviço gratuito de apoio e de prevenção ao suicídio que atende pessoas que precisam conversar. Para falar com a equipe de voluntários, mande um e-mail, acesse o chat pelo site ou disque 188. Eles ficam disponíveis de domingo a domingo, 24 horas por dia.

O CVV, em parceria com a UNICEF, também tem um canal de escuta exclusivo para adolescentes de 13 a 24 anos. Todo o processo é anônimo e, para usar, não é preciso se identificar. O ” Pode Falar ” existe para acolher adolescentes que sentiram que precisam de ajuda e queiram conversar. Isso pode ser feito pelo chat online ou pelo WhatsApp . É preciso checar os horários de atendimento no site.

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