'Perdi minha filha para o ódio': família se despede da menina morta em ataque a escolas em Aracruz

Menina morta em ataque a escolas em Aracruz tinha 12 anos e estudava no 6º ano do Centro Educacional Coqueiral. Família mudaria de Estado em poucas semanas

Aos prantos, Thais Sagrillo Zucoloto, a mãe de Selena Sagrillo, de 12 anos, morta no ataque às escolas em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, disse que perdeu a filha para o ódio. Selena estava no 6º ano e estudava em uma escola particular que foi invadida por um atirador na sexta-feira (25).

“A minha filha sempre foi luz e amor, e eu perdi a minha filha para o ódio”

A mãe contou que a menina estudava seus últimos dias na unidade, porque iria se mudar para a Bahia com a família. Thais não estava no Estado no dia do crime.

“Não sei como eu vou seguir sem ela. Perder um filho é uma dor que ninguém está preparado. Nenhuma mãe, nenhum pai. Só Deus pra me dizer como eu vou seguir de agora em diante”, desabafou a mãe de Selena.

O corpo da vítima foi velado neste sábado (26) na cidade. A cerimônia foi marcada por comoção de amigos, familiares e moradores que se chocaram com o crime.

Durante a noite, populares acenderam velas e colocaram flores e cartazes em homenagem às vítimas em frente as escolas Primo Bitti e Centro Educacional Coqueiral, onde Selena estudava. O corpo da menina chegou ainda durante a madrugada na capela mortuária de Coqueiral de Aracruz.

A empresária Tamiris Fanttini Sagrillo, tia de Selena, foi a primeira pessoa da família a chegar à escola após o ataque. Do portão, ela gritava por respostas. Agora ela clama por justiça.

“Quero agradecer principalmente a ação da polícia, por ter agido tão rápido e ter prendido o sujeito, e só quero pedir justiça pela minha sobrinha que é tão amada. A dor que ele causou ele tem que pagar”, falou a tia de Selena.

O bairro Coqueiral é conhecido pela tranquilidade. Moradores que vivem na região há décadas relataram que chegam a ficar em casa com portas abertas, mas que viram a tranquilidade ser interrompida por momentos de terror nesta sexta.

“A gente vê na televisão mas a gente nunca acha que vai acontecer no lugar que a gente mora. A comunidade tá toda comovida, eu nem sei nem o que dizer, gente, porque é muito triste”, disse a executiva de negócios Rosiane Demarchi Lyra, moradora de Coqueiral.

Boa aluna, Selena havia acabado de receber um certificado pelo bom desempenho na escola. Entre os moradores, a menina era conhecida pela simpatia.

“Uma gracinha de menina, meiga, com tudo pela frente, tadinha. Está sendo muito triste para todo mundo. Coqueiral está em luto”, declarou a aposentada Dalva Lyra, moradora de Coqueiral.

Já chega de tanto ódio gratuito. Minha filha não fez nada. E quantas outras mães estão na mesma situação que eu? Quantas outras vítimas em escolas a gente vai ter? A gente precisa de amor agora, e de paz”, clamou a mãe de Selena.

Além de Selena Zagrillo, morreram nos ataques as professoras Maria da Penha Pereira de Melo Banhos de 48 anos, conhecida como Peinha, e Cybelle Passos Bezerra, de 45 anos.

Além dos quatro mortos, outras 12 pessoas ficaram feridas no atentado. Até a tarde deste sábado, cinco pessoas estavam internadas em hospitais estaduais, quatro das vítimas em estado grave (incluindo duas crianças).

Atirador usou armas do pai

O ataque a duas escolas na sexta-feira (25) deixou quatro mortos e outros 12 feridos em Aracruz. A investigação apontou que o ataque foi planejado por dois anos e que o criminoso usou duas armas do pai, um policial militar. O assassino tem 16 anos e estudou até junho no colégio estadual atacado, segundo o governador do estado, Renato Casagrande (PSB).

Os disparos aconteceram por volta das 9h30 na Escola Estadual Primo Bitti e em uma escola particular que fica na mesma via, em Praia de Coqueiral, a 22 km do centro do município. Aracruz, onde o ataque aconteceu, fica a 85 km ao norte da capital.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o assassino invadiu a escola estadual com uma pistola e fez vários disparos assim que entrou no estabelecimento de ensino. Depois, foi até a sala dos professores e fez novos disparos. Na unidade, duas professoras foram mortas.

Na sequência, o atirador deixou o local em um carro e seguiu para a escola particular Centro Educacional Praia de Coqueiral, que fica na região. Na unidade, uma aluna foi morta. Após o segundo ataque, o assassino fugiu em um carro. Ele foi apreendido ainda na tarde de sexta.

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