Morre adolescente indígena de 15 anos violentada e afogada na lama; acusado foi preso em flagrante.

O acusado Cláudio Roberto da Silva Ferreira, de 43 anos, teve a prisão preventiva decretada na quinta-feira (14).

A adolescente indígena karipuna, Maria Clara Batista, de apenas 15 anos, que foi vítima de um crime brutal envolvendo violência sexual no Amapá, faleceu nesse domingo (17), após lutar pela vida em um hospital de Caiena, na Guiana Francesa, para onde foi transferida após agravamento de seu estado de saúde. A tragédia ocorreu na cidade de Oiapoque, no Amapá, na última quarta-feira (13), quando a indígena foi vítima de violência sexual e quase afogada na lama de uma área pantanosa. O falecimento da jovem chocou a comunidade local e levanta questões sobre a segurança das populações indígenas no Brasil.

A notícia da morte de Maria Clara foi divulgada pelo Conselho de Caciques dos Povos Indígenas de Oiapoque (CCPIO), que expressou solidariedade à família da jovem e pediu por justiça diante do crime bárbaro que ela enfrentou.

A polícia Civil e Militar atuaram rapidamente no caso e, após a análise das câmeras de segurança, prenderam em flagrante Cláudio Roberto da Silva Ferreira, de 43 anos, acusado de estupro e tentativa de homicídio. Logo depois, a prisão em flagrante do homem foi convertida em prisão preventiva.

O delegado Charles Corrêa informou que a prisão ocorreu após interceptar a embarcação em que o acusado tentava fugir em direção ao estado do Pará.

Além do crime recente, Cláudio Roberto é apontado como autor de um estupro ocorrido no ano passado e também enfrenta acusações de furto.

O estado de saúde de Maria Clara piorou devido a uma infecção pulmonar, causada pela ingestão de lama durante o ataque, levando-a a ser intubada ainda em Oiapoque e, posteriormente, transferida para Caiena.

Nota de pesar

Em nota divulgada no domingo, dia 17, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) expressou “profundo pesar” pela morte de Maria Clara e solidariedade à família. Segundo a Funai, o crime que tirou a vida dela “é um reflexo de uma sociedade que ainda enfrenta problemas como a intolerância, a desigualdade de gênero e a violência contra as mulheres, especialmente as indígenas. Este ato hediondo não afeta apenas a família enlutada, mas também todas as comunidades indígenas do Oiapoque, que clamam por justiça e proteção”.

A secretária de Assistência Social do Amapá, Aline Gurgel, repudiou “veementemente” o assassinato da jovem. “Ela foi violentada de forma brutal e veio a óbito. Acompanharei todas as medidas para que o acusado seja punido com o rigor da lei. “Me solidarizo com familiares e amigos da jovem Maria Clara nesse momento tão difícil. Basta de violência contra as mulheres”, complementou, em publicação no X (antigo Twitter).

Confira a íntegra da nota da Funai:

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), por meio da Coordenação Regional do Amapá e Norte do Pará, expressa seu profundo pesar e solidariedade à família diante da trágica notícia do falecimento da jovem indígena Karipuna, Maria Clara Batista Vieira, de apenas 15 anos, vítima de violência sexual. Maria Clara nasceu em 21 de março de 2008, e sua vida foi abruptamente interrompida em 17 de setembro de 2023.

Neste momento de profunda dor, manifestamos nossa mais sincera solidariedade à família de Maria Clara, bem como a todos os povos indígenas, que se unem no luto por esta perda irreparável. A violência que Maria Clara sofreu não é apenas uma tragédia individual, mas também uma triste realidade enfrentada por muitas mulheres indígenas em nosso país.

O crime que tirou a vida de Maria Clara é um reflexo de uma sociedade que ainda enfrenta problemas como a intolerância, a desigualdade de gênero e a violência contra as mulheres, especialmente as indígenas. Este ato hediondo não afeta apenas a família enlutada, mas também todas as comunidades indígenas do Oiapoque, que clamam por justiça e proteção.

A Funai repudia qualquer forma de violência, principalmente aquela perpetrada contra mulheres e jovens indígenas. Este crime bárbaro é inaceitável e exige que a justiça seja feita de forma rigorosa. A Fundação trabalhará incansavelmente, em parceria com as autoridades competentes, para que o culpado seja responsabilizado e punido de acordo com a lei. Além disso, se compromete em tomar medidas concretas para evitar que outras mulheres indígenas se tornem vítimas de violência sexual.

A Funai está fortalecendo sua atuação na promoção de políticas de prevenção e proteção, bem como no apoio às vítimas de violência de gênero, com a colaboração de organizações da sociedade civil, do sistema de justiça, e de outras instituições governamentais.

A Fundação reitera seu compromisso em enfrentar essa grave questão, enfatizando que todos os esforços serão empreendidos para garantir a justiça e a segurança das mulheres indígenas.

Que Maria Clara descanse em paz, e que sua memória inspire nossa determinação em lutar contra a violência de gênero e proteger os direitos das mulheres indígenas.

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