Após apagar redes sociais, " patriota do caminhão" fala pela primeira vez: “me pendurei para não morrer”

Júnior César Peixoto, de 41 anos, disse ter ficado cerca de 10 minutos pendurado na parte externa do veículo no último dia 2

O empresário do mercado imobiliário Júnior César Peixoto, de 41 anos, que viralizou nas redes sociais na última quinta-feira (3) após ser filmado sendo carregado na parte externa de um caminhão que passava pela cidade de Caruaru, em Pernambuco, disse em entrevista à CNN que achou que iria morrer.

As imagens que repercutiram com grande engajamento nas redes sociais foram feitas na manhã de 2 de novembro, segundo Peixoto. Ele afirma que chegou ao local do bloqueio, no quilômetro 132, da BR-232, sentido capital, na noite anterior para levar água e comida aos manifestantes e que se pendurou no caminhão para não ser atropelado. Após a grande repercussão ele excluiu seus perfis das redes sociais.

“Cheguei lá para levar água e comida para o pessoal. Eles estavam discutindo a possibilidade de abrir uma das faixas definitivamente. Levantei a mão gesticulando para que ele tivesse um pouco mais de paciência. Só que ele não esperou. Ele acelerou e a minha reação foi segurar no limpador do para brisa dele”, explica.

Peixoto narra que algumas pessoas ainda tentaram parar o caminhão atirando objetos nos pneus, mas que isso não impediu que o motorista arrancasse com o veículo. Ele contou que depois que o caminhão desenvolveu uma certa velocidade, não conseguiria mais pular, pois na sua análise, “seria fatal”.

“Eu acredito que ele tenha alcançado mais de 100 km/h. Na minha cabeça ali seria o dia do meu fim”, narra.

As imagens difundidas nas redes sociais mostram o motorista do veículo dizendo que deu uma oportunidade para Peixoto saltar do caminhão. Questionado sobre o fato de não ter saltado nessa hora, ele explicou que estava muito nervoso e que não teve tempo de descer.

“Depois de três quilômetros, ele (o motorista) fez uma parada e rapidamente começou a andar. Só deu tempo de colocar o pé no chão e respirar. Quando respirei, ele já puxou o carro novamente. Então a minha reação foi agarrar no mesmo lugar porque minhas pernas estavam trêmulas a ponto de não sair do canto. Foi muito rápido e não deu tempo. Então pra mim, ele não parou”, justifica.

“Por duas ou três vezes, eu falei: ‘Você vai me matar’”

O empresário relatou que apesar das brincadeiras nas redes sociais, a única coisa que se passava pela cabeça dele nos cerca de 10 minutos em que ele se aventurou na frente do caminhão foi a possibilidade não ver mais a sua família.

Ele conta que só conseguiu desembarcar do veículo após gritar com o motorista e dizer que ele iria o matar. “Eu só lembrava daquela cena à beira do precipício”, conta.

Peixoto explica que ao descer do veículo não manteve diálogo com o motorista e que saiu rapidamente da frente do caminhão. “Não consegui pegar a placa. O pessoal da manifestação estava tentando acompanhar de moto, mas não conseguiram alcançá-lo”, finaliza.

Política e opinião

O “Patriota do Caminhão” se diz um bolsonarista convicto. Ele diz ter votado no candidato do PL nas eleições de 2018 e no pleito de 2022. A reportagem perguntou se ele foi até a manifestação para contestar o resultado das urnas que elegeu o candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, mas ele negou.

“Enquanto não me apresentarem as provas, como cidadão comum, eu tenho o dever de acreditar” (no resultado das urnas), explica.

Peixoto contou que foi ao local para apoiar uma manifestação “pacífica e ordeira” e que o objetivo do ato era a liberdade da nação. Questionado sobre qual liberdade ele foi apoiar, Peixoto explicou que é pró-democracia, mas disse que não responderia o que ele gostaria.

“Se eu for responder o que penso, estou passivo a uma série de consequências”, finaliza. Ele também não mencionou quais seriam essas consequências.

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