Empresária perde R$ 500 mil após cair no golpe do amor

Boa aparência, gentil e bem articulado. Dessa forma, uma empresária, de 50 anos, encontrou uma pessoa, que como ela mesmo diz,  acreditava ser a sua cara-metade.

De um encontro casual, após sair de um jantar, em 2021, foram alguns meses para que o casal decidisse morar junto. Só que depois de cerca de seis  meses de convivência, ela diz que vieram as desconfianças em relação ao padrão financeiro do empresário.

Aproximadamente um ano depois, o que parecia ser um conto de fadas virou caso de polícia, já que a empresária garante que perdeu cerca de R$ 500 mil no que chama de golpe do amor.

Ela conta que o namorado se apresentava como um empresário  bem-sucedido, do ramo da construção civil, que morava em hotel porque como ele construía no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais,  não tinha como ter uma casa em um  endereço fixo.

 “Ele dizia que tinha apartamentos, terrenos, R$ 9 milhões no banco, que estava comprando uma Land Rover, mas era tudo mentira. Comecei a desconfiar porque nada dele dava certo. Uma das aplicações virou bloqueio judicial. Comecei a investigar essas aplicações nos bancos. Não encontrei nada. Ele não tinha nada. Descobri que se envolvia com um monte de mulheres ao mesmo tempo”, contou a empresária.

 Sendo obrigada a recomeçar, a empresária decidiu contar a sua história para que, segundo ela, o acusado seja encontrado e não faça novas vítimas.

À frente das investigações, o  titular da Delegacia Especializada de Crimes de Defraudações e Falsificações (DEFA), delegado Douglas Vieira, representou pela decretação da prisão  preventiva de Robson Ribeiro, que foi decretada recentemente.

 Ele encontra-se foragido, segundo o delegado. “Contra o suspeito há também uma ação penal referente a essa vítima que perdeu cerca de R$ 500 mil”.

Depois do ocorrido, a empresária conta que decidiu colocar  um ponto final no relacionamento. “Não sei como deixei isso acontecer. Mas agora entendo que sou a vítima, não me culpo mais”, disse a empresária, que pediu para o seu nome ser preservado.

“Quero  que ele seja preso e pague”

A Tribuna – Como se conheceram?

Empresária –  Eu estava jantando em um restaurante e quando  estava saindo ele se aproximou e se apresentou como empresário que construía moradias pelo programa do governo federal no Rio, Minas e Espírito Santo. Começamos a conversar. Tinha boa aparência, era gentil, bem articulado. Nos envolvemos.

Depois de quanto tempo foram morar juntos?

Ele dizia que morava em um hotel porque trabalhava viajando. Então, falei que quando ele estivesse no Espírito Santo que não precisava ficar em hotel, que poderia ficar no meu apartamento. Meses depois, começamos a morar juntos.

Sobre as quantias que diz que perdeu, como foi isso?

Um dia ele abriu aplicativo do banco e me mostrou que tinha R$ 9 milhões aplicados e que precisava de R$ 2.600 para não perder um título. Falei que ele não iria perder e emprestei o dinheiro.

Ele dizia ter 10 apartamentos na Praia de Itaparica, outro na Praia da Costa (Vila Velha), falava que tinha R$ 18 milhões presos no Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), entre outras tantas mentiras.

Ele sempre tinha uma história triste para contar, que te comove, porque ele chega falando que vai pegar dinheiro emprestado com agiota ou empréstimos em cartão de crédito com juros a 10%, para você se sensibilizar e falar: “não, você não vai fazer isso, eu te empresto  e quando baixar a sua aplicação, você me devolve”. Sempre era assim. Foram R$ 20 mil, R$ 30 mil e até R$ 80 mil. No total, coisa de meio milhão.

Não teve receio?

Não, pois ele aparentava ser uma pessoa bem-sucedida e tentava me mostrar isso o tempo todo. Em setembro de 2021 cheguei a ir em Belo Horizonte (Minas Gerais) com ele. Vimos terrenos que ele dizia ser da empresa dele, mas não tinham as construções. Não desconfiei. Também conheci a família dele e isso me deu segurança.

Chegamos a montar um apartamento em Minas para morar lá. Visitamos uma  fazenda, que ele  disse que era dele, dei R$100 mil para investir, conversamos com corretor e até com um prefeito de uma cidade mineira.

Ele esteve no escritório da minha advogada e quis pagar R$ 350 mil parcelado em 10 vezes. Eu não aceitei porque eu sabia que ele não iria pagar nenhuma  parcela. Fiz uma contraposta de R$ 490 mil e ele respondeu para a minha advogada e disse que partiria para uma nova seara.

Sigo buscando os meus direitos na Justiça. Ele teve prisão preventiva decretada e está foragido. Tenho depoimentos de testemunhas que também caíram no golpe. A ex-noiva de Belo Horizonte (MG)  veio a Vitória dar depoimento na investigação, tem outra mulher que ficou com ele por dois anos, de Vitória. Não somente com mulheres, ele também deu golpes em homens com venda de terreno com documentação falsa.

Espera qual desfecho para esse caso?

Quero que ele seja preso e pague pelo que fez. É importante deixar claro que as pessoas não caem nesse tipo de golpe porque estão carentes ou são carentes. É a maneira articulada que o estelionatário tem de lidar com isso. Ele identifica a sua fragilidade e vai exatamente trabalhar  isso no seu emocional.  

O OUTRO LADO

Atuando na defesa de Robson Ribeiro (foto), o advogado Luciano Azevedo Silva conversou com a reportagem na noite de ontem e disse que o seu cliente não está foragido.

“Isso é um amor ferido. O casal curtiu viagens no exterior, fez lentes dentárias, ostentou muito, os dois. Era  uma união estável. Ela sabia tudo dele e vice-versa. Ele reformou a loja dela. Ele não está foragido, está em Belo Horizonte (MG)  e trabalhando na empresa dele. Já ingressei com habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo  para esclarecer essas inverdades. A instrução processual é justamente para esclarecer todas as acusações”.

Com o mandado de prisão preventiva  contra Robson Ribeiro em mãos, o titular da Delegacia Especializada de Crimes de Defraudações e Falsificações (Defa), delegado Douglas Vieira, pede denúncias.

“Já existe uma ação penal e mandado de prisão preventiva em seu desfavor. Já foram no endereço, mas não localizamos. Importante que  ele veja essa reportagem e se apresente à autoridade policial. Além disso, se algum cidadão soube do  paradeiro dele pode ligar para o telefone  181, até mesmo no anonimato”, pediu Douglas Vieira.

O delegado contou que o suspeito responde a outra ação penal  sob a acusação de  vender um terreno que não era dele, em Viana. Também há um inquérito tramitando referente  a um apartamento que foi vendido no valor de R$ 146 mil que seria de outra pessoa.

“Também há outra vítima do golpe do amor em Minas Gerais. Se houver outras vítimas, a dica é procurar a polícia”, orientou.  

Ele aproveitou para dar dicas sobre o golpe do amor. “Nem tudo  que reluz é ouro. Muito  cuidado  quando aparecem empresários aparentando alto padrão de vida, principalmente se eles pedem dinheiro. Não misture patrimônio com relacionamento”.

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